VISIBILIDADE TRANS: Psicólogo do CRP18-MT participa da elaboração de carta proposta para CFP
Um espaço acolhedor, de afetos e com proposições importantes para a comunidade trans. Assim o psicólogo Auri Henrique Mota Braga, integrante da Comissão de Psicologia e Diversidade de Gênero e Sexual do Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso (CRP18-MT), definiu o evento em comemoração aos cinco anos da Resolução CFP nº 01/2018. O normativo é considerado um marco por reconhecer que identidades trans não são patologias.
Realizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), o evento reuniu representantes dos Conselhos Regionais, no último dia 30 de janeiro, em Brasília (DF), e resultou na elaboração de uma carta com propostas para o Sistema Conselhos. “Foi um espaço muito acolhedor, construtivo, é um marco histórico termos tantas pessoas trans reunidas para falar sobre as transgeneridades e, sendo psicólogos, podendo entender sobre as possibilidades da Psicologia diante das transidentidades. Entre as proposições, destaco a importância de fortalecer orientações para profissionais de Psicologia e trazer mais a comunicação como uma ferramenta de promover os assuntos sobre as transidentidades e questões de saúde”, ressaltou Auri Henrique.
Ele, que é um transmasculino, frisou que o espaço também foi uma oportunidade de evidenciar que a luta não quer se limitar às estatísticas de violência. “Não queremos mais ficar só nesse lugar de dor, de violência, de morte, a gente quer produzir, a gente quer construir coisas, queremos que nos vejam como potências que somos, como possibilidade de construção científica, acadêmica, de contribuição enquanto profissionais de saúde. Nesse sentido, esta foi uma movimentação muito incrível do CPF, que já demonstra uma melhora absurda nesse contexto, com possibilidades infinitas que vêm pela frente. A carta de propostas para o Sistema Conselhos foi inteiramente construída por pessoas trans, e isso é muito importante”.
A Resolução nº 1/2018, foi publicada pelo CFP em 29 de janeiro de 2018, instituído como Dia Nacional da Visibilidade de Travestis e Transexuais. Ela estabelece normas de atuação para as psicólogas e os psicólogos em relação às pessoas transexuais e travestis. Dessa forma, as travestilidades e transexualidades não podem mais ser consideradas patologias.
O psicólogo que representou o CRP18-MT no evento que celebrou a data considerou que, além da elaboração da carta, o espaço simbolizou momentos importantes de troca de afetos. “Foram momentos de muitas emoções, onde pudemos debater sobre as nossas vivências e compartilhar com outras pessoas. Foi um lugar de abertura enorme para afetos, sentimos que fomos realmente ouvidos e que construiremos coisas muito positivas dentro dos CRPs, juntamente com o CFP, para que o nosso trabalho de acolhimento seja diverso”.
Auri Braga espera que novos encontros assim ocorram. “Tenho certeza que vamos construir muita coisa bonita, para que possamos ter saúde, visibilidade, que possamos celebrar nossa vida e não só ficar fugindo de dor, violência e de morte. Não queremos ser apenas estatísticas, nós queremos ter uma vida plena, feliz e saudável, com respeito, afinal, somos seres humanos”.
Premiação
O CFP também lançou, na mesma data, o Prêmio João Nery de Práticas em Psicologia. O objetivo é premiar psicólogas(os) engajadas(os) em práticas de promoção de cuidado, respeito e dignidade das pessoas trans na atuação profissional. O nome é uma homenagem a João W. Nery, psicólogo e escritor brasileiro, que foi o primeiro transmasculino a realizar a cirurgia de redesignação sexual no Brasil, em 1977. Ele também foi ativista pelos direitos LGBT.