Psicologia Hospitalar é tema de encontro inédito organizado pelo CRP18-MT

Psicologia Hospitalar é tema de encontro inédito organizado pelo CRP18-MT

CRPMT 18

O Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso (CRP18-MT), por meio da Subcomissão de Psicologia Hospitalar, realizou, nos dias 1º e 2 de julho, o 1º Encontro de Psicólogas(os) Hospitalares de Mato Grosso. Com palestras, mesas redondas e apresentação de trabalhos científicos, o evento teve o objetivo de aproximar a categoria profissional, estudantes e pesquisadores para a discussão, reflexão e propostas de desenvolvimento da área no estado. As atividades marcam a retomada de eventos presenciais da autarquia desde o início da pandemia.

 

Presidente do CRP18-MT, George Moraes de Luiz participou do evento de forma remota. Ele aproveitou para parabenizar o trabalho da Subcomissão, destacando a importância das discussões propostas durante o Encontro. “É um momento marcante para o CRP18-MT por retomar os eventos presenciais, assim como uma oportunidade de compartilhamento de conhecimentos, respeito às diversidades e construção”.

 

Criada em outubro de 2019, a Subcomissão de Psicologia Hospitalar é coordenada pela psicóloga Pâmela Cristina da Rocha. Ela conta que a área vem sendo ampliada, especialmente com a pandemia, onde a Psicologia foi muito necessária nas instituições de saúde, incluída nos serviços essenciais da linha de frente do enfrentamento à doença. “Muitos profissionais começaram a sua carreira durante a pandemia, lidando com todas as suas problemáticas. A Psicologia Hospitalar tem muito a contribuir com a saúde em geral e é fundamental levantar quais são essas contribuições para pensarmos juntos no desenvolvimento da nossa atuação”, ressalta.

 

Durante a abertura, a coordenadora apresentou as principais ações da Subcomissão, incluindo visitas técnicas às instituições de saúde, publicação de notas técnicas, reuniões com profissionais e até uma denúncia ao Ministério Público cobrando a atuação da categoria no Pronto Socorro de Várzea Grande. A ação resultou na contratação de profissionais pela Prefeitura da cidade.

 

Para a primeira mesa redonda, “O hospital e as redes de atenção em saúde”, foi convidado o professor do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso, Reginaldo Araújo. Ele abordou o histórico das políticas públicas na área da saúde ao longo dos anos, destacando o movimento da luta antimanicomial e a inserção da Psicologia Hospitalar na rede pública de saúde.

 

“Com a implantação do SUS, houve um desafio muito grande de compreender como psicólogas(os) passam a atuar nas unidades de saúde. É um exercício de construção que lidou com estruturas e culturas antigas. Acredito que compreender como construir isso seja a nossa principal linha de discussão. O Brasil deu passos importantes ao tentar que a Psicologia Hospitalar fosse alvo de políticas do Estado, mas nos últimos anos isto tem retrocedido um pouco, principalmente, no serviço público. Precisamos rever qual o nosso papel nesse cenário”, salientou.

 

A programação do primeiro dia contou ainda com a mesa redonda “Atenção em saúde a grupos marginalizados”, com a presidenta da Ong Livremente, Ana Carolina de Oliveira, e o psicólogo do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI – Cuiabá), Thiago Aiamari Kavopi. No período noturno, a mesa redonda “Práticas e contextos tradicionais de atuação do psicólogo hospitalar” reuniu a psicóloga da Oncomed Camila Nunes Mendes, a integrante da Subcomissão de Psicologia Hospitalar do CRP18-MT e psicóloga clínica no Hospital Amecor Aline Ramminger, e a responsável técnica pelo Serviço de Psicologia do Hospital Municipal São Benedito de Cuiabá Flávia Alessandra Saldanha.

 

Encerrando o dia, a palestra “Sofrimento psíquico nas instituições de saúde” foi ministrada virtualmente por Maria Lívia Tourinho, professora titular do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP), onde é também coordenadora e orientadora do Programa Pós-Graduação em Psicologia Clínica e presidente da Comissão de Pesquisa. A psicanalista é ainda membro do Fórum do Campo Lacaniano de São Paulo, onde coordena a Rede de Pesquisa “Psicanálise e Saúde Pública”.

 

Segundo dia

O segundo dia do 1º Encontro de Psicólogas(os) Hospitalares de Mato Grosso contou com duas palestras por videoconferência ministradas por profissionais de fora do estado. No período da tarde, as mesas redondas trataram da formação e das práticas e contextos de atuação da(o) profissional nessas instituições.

A palestra “O sofrimento do profissional de saúde: experiência no enfrentamento da COVID-19” foi ministrada por videoconferência por Maria Helena Pereira Franco, psicóloga, mestre e doutora em Psicologia Clínica pela PUC-SP, com pós-doutorado na London School of Hygiene and Tropical Medicine e na University College London (Departamento de Psiquiatria). Ela é também professora titular da PUC-SP no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e na Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde.

 

Ainda na parte da manhã, a segunda palestra, “O trabalho em equipe de saúde: cuidado com os vínculos profissionais e com os usuários”, foi ministrada por videoconferência por Pablo Castanho, professor doutor do departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP), mestre em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo (USP), doutor em Psicologia Clínica pela PUC-SP e membro da International Association for Group Psychotherapy and Group Processes (IAGP).

 

As duas palestras por videoconferência foram mediadas por Keli Virgínia Ebert, integrante da Subcomissão de Psicologia Hospitalar do CRP18-MT.

 

No período da tarde, a primeira mesa abordou o tema “A formação da(o) psicóloga(o) hospitalar”, com mediação da psicóloga Mayara Guerrise. Em sua fala, a psicóloga Renata Costa, do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto e do Idoso com Ênfase em Atenção Cardiovascular do HUJM, contou um pouco da história, da forma de funcionamento e de como se dá a prática dentro da instituição. Também abordou a forma de seleção, os campos de atuação e os projetos que a Psicologia tem dentro da residência, composta também por profissionais de Serviço Social, Enfermagem e Nutrição.

 

Segundo ela, a residência em Psicologia Hospitalar existe no Hospital Júlio Müller desde 2010, sendo que 26 profissionais já concluíram esse estágio de formação na unidade. Trata-se, destacou ela, de um trabalho de grande importância tanto para a(o) estudante/fomanda(o) como para as(os) pacientes, especialmente em programas de referência. Como exemplo ela citou o de Ginecologia e Obstetrícia, caracterizado por atender pacientes com gestação de alto risco.

 

Renata Cristina Giroto Ferreira da Silva, coordenadora do programa de residência multiprofissional do Hospital Geral de Cuiabá, ressaltou a importância da atuação da(o) psicóloga(o) naquele contexto pela complexidade do trabalho multidisciplinar que é realizado.

 

Segundo ela, os residentes de certa forma desconstroem um pouco a ideia de que a(o) psicóloga(o) está a serviço do paciente e da equipe e também do familiar. Isso faz parte do trabalho, salienta, mas a coordenadora procurou mostrar que essa(esse) profissional também participa das questões de gestão, de comunicação, além das culturais, de psicoeducação e de movimentos sociais. “Tudo isso faz parte da formação de uma(um) psicóloga(o) hospitalar, para além da assistência, das questões que a gente já tem, digamos, de uma forma mais tradicionalmente desenvolvida pelas(os) psicólogas(os).

 

Também participaram da mesa as psicólogas Cláudia Lemes da Silva Biffi, Francyele Rodrigues dos Santos e Ellen Juliana de Figueiredo Araújo, residentes no hospital Santa Casa da Misericórdia de Rondonópolis/MT pelo Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto e do Idoso (PREMSAI) em parceria com a Universidade Federal de Rondonópolis (UFR). Elas falaram sobre suas experiências na unidade.

 

A segunda mesa, “Práticas e contextos emergentes de atuação da(o) psicóloga(o) hospitalar”, contou com a participação de Clara Regina Guedes Campos, mestre em Filosofia pela UFMT e especialista em Psicologia da Saúde e Hospitalar; Fabiane Espindola de Assis, pós-graduada em Psicologia Perinatal e da Parentalidade e em Psicologia na Reprodução Humana; e Pâmela Cristina da Rocha, coordenadora da Subcomissão de Psicologia Hospitalar do CRPMT e especialista em Saúde Hospitalar de Pacientes com Necessidades Especiais.

 

O desejo pela realização deste primeiro nasceu nas reuniões da Subcomissão de Psicologia Hospitalar do CRPMT, que há dois anos vem construindo junto às(aos) profissionais espaço de diálogo e construção coletiva. O evento se destaca então como uma maneira de aprofundar discussões e promover o fortalecimento da Psicologia Hospitalar.

 

O espaço está sempre aberto para quem quiser contribuir nesse sentido. A Subcomissão realiza reuniões sempre às segundas-feiras, da 3ª semana do mês, às 19h (horário de Cuiabá), via Google Meet. Para participar, as(os) interessados devem enviar e-mail para crpmt@crpmt.org.br.

Confira a programação completa do evento clicando AQUI.

Links das palestras via video conferência: 

Maria Helena Pereira Franco: https://youtu.be/iWbcrWk110Q

Pablo Castanho: https://youtu.be/K4U9lVsvwcg

Maria Lívia Tourinho: https://youtu.be/bWiyNmgckzQ