
Psicóloga apresenta relatório sobre atuação do Comitê de Mortalidade Materna e Infantil
A psicóloga Eloá de Carvalho Lourenço, representante do Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso (CRP18-MT), desligou-se do Comitê Estadual de Mortalidade Materna e Infantil de Mato Grosso (CEMMI-MT) depois de sete anos de dedicação. A profissional prestou inestimáveis serviços à comunidade com sua atuação no órgão de controle social, traduzidos em um relatório apresentado quando de sua saída, em novembro deste ano. No documento ela traça um histórico da implantação do CEMMI-MT, da atuação do grupo, avanços, necessidades e desafios a serem superados.
Segundo Eloá, há vários desafios e um dos principais é conseguir maior participação dos profissionais. “A presença do psicólogo em todos esses espaços de atuação, principalmente de controle social, é importantíssima, é imprescindível. Agora, é necessário que haja também revezamento. Eu participei desse comitê por mais de sete anos. É muito tempo. Quer dizer, a gente precisa ter outros psicólogos para atuar nos espaços de controle social”, conclamou. O Conselho Regional reconhece que deveria cobrar mais participação política dos profissionais e resultados dessas, assim como pontuado pela profissional “Eu é que mandei esse relatório porque para entregar o comitê já foi um sacrifício, não achava quem quisesse assumir o comitê. Tanto é que ninguém assumiu ainda”, lamentou.
Outro problema enfrentado em vários momentos desde que começou a atuar no comitê foi a falta de regularidade dos encontros, o que prejudica a continuidade dos trabalhos. “O comitê é interinstitucional, é para ter reunião periódica pelo menos uma vez por mês, ou conforme a deliberação dos membros do conselho. Já funcionou de três em três meses. Já ficou dois anos sem funcionar. Houve toda uma desmobilização na Secretaria de Saúde, como já vem ao longo dos anos. Não é uma coisa que acontece agora, em outros momentos também já aconteceu. E a gente vive o tempo todo pedindo socorro, ajuda”, contou.
Eloá revelou inclusive que o comitê é visto pela gestão pública como uma espécie de “inimigo” pelas secretarias de saúde. “É visto como um órgão fiscalizador. E ele tem na verdade essa finalidade, ele tem a função de estar acompanhando, apontando, propondo políticas novas. Só que o gestor tem medo do controle social. Eu mesma, enquanto profissional da saúde, enquanto membro, era muito mal vista, torciam o nariz. Por mais que você tente desmistificar isso, dizer ‘nós estamos aqui para somar, vamos fazer juntos, vamos caminhar juntos, vamos buscar solução juntos’, parece que não há envolvimento das pessoas nem dos setores. Vai decepcionando muito a gente”, descreveu.
O CRP reconhece o esforço e dedicação da psicóloga Eloá e estima que essa implicação política da profissional possa servir de referência para que demais psicólogas e psicólogas possam se inserir nos espaços de controle social, de maneira que a participação política passe a ser mais valorizada pela categoria.
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