Judicialização, medicalização infantil e precarização dos contratos de trabalho foram os principais temas discutidos pelos profissionais na passagem do "Projeto CRP18-MT em Diálogos com o Interior" pelo município de Barra do Garças.

Realizado pelo Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso nos dias 3 e 4 de agosto, o encontro teve a finalidade de conhecer a realidade do exercício da profissão no interior, problemas enfrentados e avanços conquistados, bem como identificar áreas que estão requisitando a presença de um psicólogo, explica a conselheira Marisa Helena Alves.

Segundo ela, foi observado entre os participantes – oriundos de Barra do Garças, Araguainha, Água Boa e Nova Nazaré – que ocorrem várias questões pontuais e preocupantes, principalmente com os psicólogos que trabalham nas políticas públicas.

Uma delas é a judicialização. “Hoje os juízes e promotores de justiça, de uma maneira geral, demandam muito para os psicólogos que estão nas políticas públicas de assistência social, e essas demandas do Judiciário  não fazem parte do rol de ações contempladas nas atribuições dos psicólogos que atuam nesta política. Então, isso tudo de certa forma precariza o trabalho, faz com que a imagem do psicólogo diante da Justiça fique distorcida em relação à realidade”, lamenta.

Outra questão discutida no encontro, e que surgiu das pessoas que trabalham na educação, é a medicalização infantil. Os “Diálogos” também revelaram outro problema que tem ocorrido não só naquela região, mas no estado como um todo que é a precarização dos contratos de trabalho. “Como não há concurso público, não há planos de cargos e salários e efetivação do psicólogo, este fato produz uma migração dos profissionais e trocas constantes o que prejudica o desenvolvimento da política pública”, salienta a conselheira. O resultado são salários baixos, falta de condições ideais de trabalho e desvios de função.

A relação entre os profissionais que atuam na avaliação psicológica para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e os centros de formação de condutores também foi amplamente debatida e algumas questões foram levadas para discussão com o DETRAN.

Os participantes do CRP18-MT em Diálogos com o Interior desenvolvem atividades em locais como Sistema Único de Assistência Social (SUAS), Sistema Único de Saúde (SUS), Educação, Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SEJUDH), Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN) e alguns são professores de cursos de Psicologia.

 

Fonte: Pau e Prosa Comunicação