“Em MT existe uma naturalização da violência que torna difícil até debater o tema em sala de aula”

“Em MT existe uma naturalização da violência que torna difícil até debater o tema em sala de aula”

Os debates sobre as políticas públicas para a população trans fizeram parte do 3º Congresso de Psicologia do Cerrado, que reúne mais de 1.600 pessoas entre psicólogos e estudantes na Grande Cuiabá. Professor da Universidade Federal de Mato Grosso, Márcio Nemam afirma que a dificuldade para se discutir essa questão existe até mesmo nos cursos de Psicologia, onde o estado laico deveria prevalecer.
 
Grupos de neonazistas e confusões por causa de debates sobre a identidade trans fazem parte da realidade encontrada pelos professores em cursos de Psicologia em Mato Grosso. “Aqui existe um modelo patriarcal e machista arraigado muito forte. Quando existe uma proposta política que mantém privilégios da população burguesa, hétero e branca, aumenta a fragilidade dos outros seres humanos. Aqui existe uma naturalização da violência, que torna difícil até debater o tema em sala de aula”, afirma Nemam.
 
Essas discussões se tornam mais difíceis porque não existe uma política pública para atender à população trans, no Brasil e também em Mato Grosso. Ativista do movimento trans há mais de 15 anos, a professora Adriana Sales explica que esses problemas ocorrem até mesmo para conseguir recursos para projetos junto ao governo. “Não existe uma política pública para a população trans. Vivemos de emendas, projetos de lei, mas não há nada de concreto. E só conseguimos financiamento público de projeto se houver discussão sobre Aids”.
 
Sales enfatiza que a Psicologia não pode deixar de debater esse conteúdo para poder inserir essa temática nos currículos dos cursos de graduação. “Esse tema não é novo e possui uma discussão de mais de uma década e ainda não está nas grades curriculares. Não podemos nos furtar dessa questão”.
 
Fonte: Pau e Prosa Comunicação.