Debates marcam II Semana de Mobilização em Defesa da Saúde Mental em MT
Documentários e discussões marcaram a tarde do primeiro dia da II Semana de Mobilização em Defesa da Saúde Mental em Mato Grosso, no Centro Cultural da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Os debates deram voz a alunos, profissionais da psicologia e a sociedade civil sobre a luta antimanicomial. No Brasil, o movimento teve início nos anos 80, mas em Mato Grosso só começou em 1990. Organizada pelo Conselho Regional de Psicologia da 18° Região de Mato Grosso (CRP18/MT) e entidades que atuam na luta antimanicomial, as atividades prosseguem até sábado (20).
A mostra de vídeos reuniu os documentários “Loucura e sociedade” e “20 anos de luta por uma sociedade sem manicômio”, uma apresentação sobre o Fórum Intersetorial de Saúde Mental de Mato Grosso e Drogas e Cidadania, e quatro séries de vídeos produzida pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP).
Apesar da luta antimanicomia contar com 20 anos de história, ainda existem discursos equivocados de que o tratamento deve ocorrer por meio de internações. A representante do Fórum Intersetorial de Saúde Mental de Mato Grosso, Soraya Miter Simon, considera um retrocesso ao movimento a criação de comunidades terapêuticas. “Nós temos uma história que não precisa ser retomada. Temos a volta da internação de usuários de drogas, em uma situação novamente de exclusão”, afirma.
A assessora técnica do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop) do CRP 18/MT, Fabiana Tozi , também faz críticas ao método de tratamento que tem sido implantado. “As comunidades terapêutica de hoje são os manicômios de ontem”, compara.
A II Semana de Mobilização reúne representantes de segmentos da sociedade civil organizada, instituições de ensino superior, acadêmicos e profissionais de psicologia e da área de saúde. Um dos objetivos do evento é ampliar o debate sobre a luta antimanicomial com sociedade e fazer um levantamento da verdadeira situação da saúde mental em nosso Estado. “Existem algumas questões que não se falam como a falta de políticas públicas e de investimentos para a saúde, e em melhorias dos serviços dos CAPs [Centros de Atenção Psicossocial]”, destaca Soraya Miter.
O programa de Centros de Atenção Psicossocial também é defendido pelo acadêmico em psicologia do Centro Universitário de Várzea Grande (Univag), Paulo Ricardo Konrath. Ele considera como uma proposta de solução de tratamento que contribui com a inclusão na sociedade.
Já a acadêmica em psicologia do Univag, Letícia Lopes, ressalta a importância da realização de eventos com o foco na saúde mental. “Esse debate serve como uma fonte de esclarecimento. Ajuda a tirar um pouco do preconceito que existe na sociedade,” afirma.
Confira a programação:
17 de maio (quinta-feira)
14h - Construção do material da Intervenção e do Teatro dos Oprimidos
Local: auditório da Univag
18 de maio (sexta-feira)
14h - Manifestação dos trabalhadores e usuários da saúde mental, junto com as universidades e conselhos de categoria
Oficinas e Teatro dos Oprimidos.
Local - Praça da República, em Cuiabá
15h – Passeata
Local – Praça da República, em Cuiabá
19 de maio (sábado)
15h - Baile Caps Som – Conquistas Antimanicomiais
Local – CPAS II, em Várzea Grande
Entrada 1,00 Real
Fonte: Pau e Prosa Comunicação