CRP18-MT realiza evento alusivo ao Dia internacional da Mulher e aos 13 anos de criação da autarquia
O Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso (CRP18-MT) realizou evento no último sábado (11 de março) alusivo ao Dia Internacional da Mulher (8 de março) e ao aniversário da autarquia. Intitulado “8M e os 13 anos do CRP18-MT: um fazer científico liderado por mulheres”, o encontro reuniu conselheiras, profissionais, estudantes e artistas para rodas de conversa, oficinas e apresentações culturais, além da formulação de deliberações coletivas pela construção de ato da Psicologia de MT na defesa das mulheres e seus direitos.
A psicóloga Jordana Luz Queiroz Nahsan, da Comissão de Direitos Humanos e Políticas Públicas do CRP18-MT, salientou que o evento veio somar com as diretrizes propostas pelo Conselho Federal de Psicologia para esta nova gestão: “definir e concretizar ações em que a gente possa debater e conversar sobre temáticas relacionadas à mulher em todas as suas interseccionalidades, em todos os seus dispositivos”, reunindo as profissionais para ampliar a discussão e colocar em prática ações de proteção e cuidado e direitos das mulheres.
A participação delas – e deles também! - foi importante para enriquecer o debate por meio de depoimentos e experiências, bem como na participação em oficinas. Em um ato que não se limitará àquele momento, tendo desdobramentos. “É um despertar. Claro que nesse momento a gente se limita a Cuiabá, mas essas discussões também serão levadas para outros espaços, para as outras localidades, para a gente poder também trazer a riqueza, a importância e a multiplicidade que tem”, projetou.
A conselheira suplente Luciana Fontes Kalix exemplificou um tema premente. “Nós falamos sobre a segurança da profissional psicóloga, da vulnerabilidade em decorrência do machismo. O quanto a exposição a coloca em risco, as preocupações que envolvem a profissão tanto na clínica quanto em outros espaços. Trouxemos experiências, várias pessoas falaram do que já passaram. Foi muito rico esse assunto”, avaliou.
Ela lembrou que a psicóloga está sujeita a todos os tipos de violência, inclusive a sexual, e isso acaba tendo que ser levado em conta na hora do atendimento. “Nós precisamos conversar sobre isso. Porque, querendo ou não, traz um sofrimento sim para a mulher por ela ser mulher. Vamos fazer propostas e o CRP18-MT também está aberto a receber, acolher as profissionais que queiram contribuir”, finalizou Luciana.
Arte como ferramenta
Além de apresentações culturais de nomes como Gê Lacerda e Lupita Amorim, a arte permeou também algumas atividades, como explica a conselheira suplente e coordenadora da Comissão de Educação, Karine dos Santos Araújo. Oficinas foram elaboradas com base na potência da arte como uma forma de elaboração de conteúdos. “Disponibilizamos para as pessoas materiais para que elas pudessem se expressar de forma artística através de desenhos, de pinturas, de poemas, da escrita, enfim, sobre tudo o que nós conversamos. Para que tudo que nós pensamos pudesse ser de alguma forma expressado e que a gente leve isso para algum lugar”, explicou. Segundo ela, ainda seria deliberado, mas a intenção é que o material vire um manifesto sobre como a Psicologia está presente na luta pelos direitos das mulheres.
A iniciativa foi elogiada pela psicóloga Sônia Cristina Campos, servidora da Secretaria Estadual de Saúde que atua no CIAPS Adauto Botelho. “Quero parabenizar o Conselho por ter trazido de volta essa oficina de cartazes que reúne uma possibilidade de arte e política em uma manifestação social”, enalteceu, afirmando que saía do evento “bastante feliz e fortalecida”. “Quando a gente vê que o Conselho faz um evento como esse que nos agrega e entendemos que nós temos uma direção da profissão para seguir é muito positivo. A gente volta renovado para o campo de trabalho”, analisou.
Ela também reforçou a importância de tratar de temas como a violência contra as mulheres, principalmente às psicólogas. “Isso que o Conselho faz hoje de abrir esse espaço para dizer ‘nós estamos nessa escuta e nós vamos pensar junto uma forma de garantir a integridade dessa profissional na sua atuação, no dia a dia’ nos fortalece muito para que a gente possa exercer aquilo que a gente tem como comprometimento profissional”, opinou Sônia.
Diálogo com a academia
Para a estudante Inês Martins de Araújo, do 5º semestre de Psicologia da Faculdade Eduvale, que veio de Jaciara, o evento foi “importantíssimo”. Ela afirmou ter ficado muito feliz e satisfeita com a qualidade do discurso visto ali e para onde caminha o movimento da Psicologia. Para a aluna, temas como o machismo e a violência contra a mulher precisam ser discutidos dentro dessa ciência, “porque esse profissional vai estar ali com qual escuta? De que lugar ele vai estar se posicionando? Qual vai ser a produção e a qualidade dessa escrita, não só na clínica, mas fora da clínica?”.
Professora do Departamento de Psicologia da UFMT, Virgínia Cordeiro Amorim considerou o momento de grande valia tanto para comemorar os 13 anos do Conselho e as conquistas alcançadas, como para pensar a Psicologia a partir das questões de Mato Grosso. A fim de possibilitar que as profissionais possam atender e viver livres de violência e com mais equidade de gênero.
“É um momento de reflexão não só para quem está prestando o serviço, mas também de quem está na academia, porque a ciência também avança à medida que a gente conhece o desafio que se impõe”, salientou. “A gente precisa mesmo parar e pensar no que está acontecendo na prática para tentar desenvolver estratégias para proteção da mulher não só aquela que é cliente na Psicologia, mas a que está prestando serviço também”, acrescentou a docente.
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