
CRP18-MT critica retirada de discussões sobre gênero e sexualidade dos Planos Municipais de Educação
A retirada de todos os itens referentes às questões de gênero e sexualidade do Plano Municipal de Educação de Cuiabá tem sido discutida pela Comissão de Educação do Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso (CRP18-MT), gestão Novos Tempos do Cuidar, que se coloca contrária à proposta devido às consequências negativas para a formação educacional de crianças e adolescentes sobre o assunto, para as famílias e para a sociedade. Além da Capital, outros municípios do Estado também já se manifestaram pela retirada de tais itens de seus planos escolares.
Representante do Coletivo LGBT Manicongo, o estudante de Psicologia, Itallon Lourenço, é um dos participantes das discussões promovidas pelo CRP18-MT. Segundo ele, o tema merece maior atenção por parte da sociedade, pois há uma compreensão errônea quanto à inclusão das questões de gênero e sexualidade nas escolas. O estudante ainda cita o uso da terminologia “ideologia” neste tipo de debate como um dos equívocos. De acordo com Itallon, as discussões sobre sexualidade, ainda no ambiente escolar, poderiam ajudar na prevenção de mortes de milhares de jovens vítimas de doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS, além da diminuição dos casos de violência contra travestis no Brasil.
Para a conselheira do CRP18-MT, Jane Cotrin, há um equívoco ao pensar que afastando tais discussões do cotidiano escolar, as famílias e sociedade estariam “protegidas”. Segundo ela, a medida resulta justamente no contrário. “As famílias ficam muito desprotegidas quando são movidas pela intolerância, pelo preconceito e pelo desconhecimento de questões que são essenciais à vida, como é o caso da sexualidade. A escola deveria ser palco para que tais discussões ocorressem com seriedade e mais liberdade, levando nossas crianças e jovens a aprenderem a respeitar o próprio corpo e terem relações afetivas responsáveis, além de poderem discutir sobre o preconceito que permeiam as relações dentro e fora das escolas”.
O CRP18-MT é uma das entidades que, recentemente, elaborou o “Manifesto pela Igualdade de Gênero na Educação: por uma escola democrática, inclusiva e sem censuras”. O texto fala da tentativa de grupos conservadores em instaurar um pânico social, banir a noção de ‘igualdade de gênero’ do debate educacional e reificar as desigualdades e violências sofridas por homens e mulheres no espaço escolar.
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Fonte: Pau e Prosa Comunicação