
CRP MT promove roda de conversa para discutir se psicoterapia é só para psicólogo?
Para responder essa questão, cerca de 200 profissionais, estudantes e professores se reuniram para uma “roda de conversa” promovida pelo Conselho Regional de Psicologia 18ª Região MT (CRP18-MT). O Encontro ocorreu na noite desta quarta-feira (25/04), no auditório da UNIC, em Cuiabá.
Para a presidente do Conselho, Morgana Moura, o tema da roda de conversa é importante para discutir esse tema de extrema relevância na atualidade, principalmente aqui no Brasil. “Existem alguns conhecimentos que utilizam de estratégias que influenciam na psique, então são psicoterapias. O acompanhamento de um psiquiatra ou psicanalista, por exemplo, é uma psicoterapia. A proposta de debater isso hoje é pensar como podemos criar estratégias para fortalecer a Psicologia enquanto ciência e profissão, como uma prática da/o psicóloga/o sem, necessariamente, denegrir outros saberes”, disse.
De acordo com o psicólogo Renato Molina, nem todo mundo sabe que psicoterapia não é prática exclusiva da/o psicóloga/o. Contudo, segundo ele, é preciso situar isso não para gerar um tipo de exclusividade ou reserva de mercado, mas para pensar qual o diferencial das/os psicólogas/os enquanto profissão e da formação necessária para se constituir psicoterapeutas ou psicólogas/os clínicas/os.
“Sim, pode haver muitas práticas psis. Não precisam ser práticas excludentes, mas a nossa prática psi desenvolvida por psicólogas/os requer uma formação de adequação profissional que é fundamental o aluno ter conhecimento. A diferença é o nosso olhar. A nossa formação é tão longa e envolve tantos campos como Psicologia do desenvolvimento, Psicologia Social, psicodiagnóstico, dentre muitos outros, justamente para que possamos promover um olhar diferenciado”, avaliou.
Práticas como o coaching e constelação familiar, além da formação profissional foram alguns dos pontos bastante discutidos pelos participantes no evento. “Foi uma oportunidade para a gente refletir e pensar a profissão com seriedade. Buscar o conhecimento é algo que vai além da graduação e depende de cada um. O evento é importante, também, para o CRP-18/MT estar presente aqui na instituição de ensino, principalmente para os estudantes saberem que existe a questão da categoria. Incentivá-los a participar mais fortalece a nossa profissão”, afirmou a psicóloga Ilze Maria da Costa.
A roda de conversa foi criada pela gestão atual do Conselho como ação estratégica de orientação da categoria. “A ideia é que seja um debate de forma horizontal para que todos tenham direito a falas, assim criar as nossas estratégias para fortalecer a psicologia local”, explicou Morgana. Dentre as temáticas já discutidas, está a atuação das políticas públicas, o atendimento à população LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros, intersexuais), as relações raciais, religiosidade e laicidade no atendimento clínico.
“É interessante destacar que nas primeiras rodas tinham 15 pessoas, depois 30, e depois 60. O número de participantes está crescendo a cada novo encontro. E, com isso, notamos que as/os profissionais estão demandando um espaço de formação ou construção de conhecimento”, avaliou a presidente do Conselho.