CRP 18-MT discute desafios e postura profissional nos atendimentos à comunidade LGBT

CRP 18-MT discute desafios e postura profissional nos atendimentos à comunidade LGBT

Sessenta e quatro psicólogos participaram do ciclo de debates sobre Psicologia, Direitos Humanos e Diversidade Sexual e de Gênero realizado na noite desta terça-feira (1º/08), em Cuiabá. Organizado pela Comissão de Direitos Humanos e Políticas Públicas do Conselho Regional de Psicologia (CRP 18-MT), o evento proporcionou a troca de experiência, a apresentação de informações e o debate sobre o posionamento do profissional diante dos casos de diversidade sexual e de gênero.

A presidente do CRP 18-MT, Morgana Moreira Moura, defendeu que entre os objetivos da entidade estão o trabalho de orientação profissional e de fiscalização da categoria. “E o trabalho que está sendo desenvolvido aqui neste momento é o de orientar os profissionais, colocar em discussão a diversidade sexual e de gênero para a defesa da vida”, afirmou.  

Segundo a presidente, existe uma trajetória histórica de massacre à comunidade LGBT, população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, e a psicologia contribuiu para esse massacre. “A partir do momento que a psicologia começou a olhar para as demandas LGBT fora de um contexto medicalizante e patologizante, inicia-se de fato o acolhimento dessas pessoas que estavam em sofrimento emocional e mental em decorrência das rechaças da sociedade”.

Morgana defendeu também que a atuação do profissional de psicologia aplique o código de ética da categoria e a Resolução 001/99 do Conselho Federal de Psicologia, que estabeleceu normas de atuação para os psicólogos em relação a questão da orientação sexual dos pacientes.

“Falar em defesa dos direitos humanos torna obrigatória a reflexão sobre o universo LGBT”, afirmou Gabriel Henrique Pereira de Figueiredo, mestre em psicologia social, conselheiro do CRP e membro da Comissão de Direitos Humanos e Políticas Públicas. Para o conselheiro, é tempo de profissionais e estudantes de psicologia se atentarem para a necessidade de discutirem o tema, de se manterem atualizados quanto às identidades e à forma como a psicologia deve acolher essas pessoas.

A violência praticada no Brasil contra a comunidade LGBT foi uma das temáticas trazidas por um dos debatedores do evento, o psicólogo catarinense Lucas Guerra, que atualmente leciona na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Ele lembrou da violência praticada contra a comunidade LGBT no Brasil. “As pessoas LGBT não encontram amparo na família, que é uma das primeiras instituições a recriminar esse comportamento. As pessoas vão ter seus corpos e vidas mais vigiados e mais punidos pela estrutura social, vão conviver com o cenário de violência, sendo o Brasil o país que mais mata integrantes da comunidade LGBT. Em geral, não são mortes para matar um corpo, é um tipo de morte para matar o que aquele corpo representa como discurso”, afirmou Guerra. 

De acordo com o relatório sobre a violência, 2016 foi o ano mais violento desde 1970 contra pessoas LGBT. Foram registradas 343 mortes, o que equivale a uma morte a cada 25 horas.

Outra debatora convidada foi a especialista em Gênero e Diversidade na Escola e coordenadora do Coletivo Mães pela Diversidade, Josiane Marconi, que colocou em pauta outra vertente do tema: a família do LGBT.

“A primeira violência sofrida pela comunidade é em casa, na família, que também sofre com o luto pelo que considera o fim do sonho construído do que se espera do outro, que se almeja como ideal do outro. Para ela, o desafio dos profissionais de psicologia que estão em formação ou já atuando é realizar o debate profundo sobre uma atuação direcionada e eficaz que atenda às demandas dos LGBT nas suas especificidades.

Fonte: Pau e Prosa Comunicação