
CREPOP do CRP18-MT lançou 2ª edição das Referências Técnicas para atuação de psicólogas no atendimento às mulheres em situação de violência
Em uma tarde marcada pela escuta, partilha e fortalecimento da luta pelos direitos das mulheres, O Centro de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Pública (CREPOP), por meio do Conselho Regional de Psicologia da 18ª Região (CRP18-MT), lançou no dia 8 de março de 2025, em Cuiabá, a 2ª edição das Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas no Atendimento às Mulheres em Situação de Violência. O evento ocorreu no Auditório do Instituto de Educação da UFMT, reunindo profissionais da Psicologia, estudantes, representantes de movimentos sociais e convidadas(os) especiais em uma mesa-redonda potente e diversa.
A publicação atualizada reafirma o compromisso da Psicologia com os direitos humanos, com uma escuta ética, interseccional e comprometida com a transformação social. O lançamento no Dia Internacional das Mulheres simbolizou, para as participantes, uma data de reflexão e reafirmação política.
Abertura com vozes da juventude e acolhimento
A estagiária do CREPOP e estudante de Psicologia, Mariana Borgato, deu início ao evento destacando o papel das mulheres na profissão e na sociedade:
“Com Psicologia e políticas públicas, o CREPOP busca provocar a categoria sobre seu fazer profissional com compromisso ético e político. Hoje, além de comemorarmos o Dia Internacional das Mulheres, celebramos a força das mulheres psicólogas que atendem outras mulheres nas políticas públicas. Estamos duplamente implicadas nesse tema.”
Falas potentes de mulheres em movimento
A presidenta do CRP18-MT, Keli Virginia Erbert, fez questão de destacar a importância de revisitar as práticas profissionais e dar visibilidade à dimensão estrutural da violência:
“A Psicologia precisa ouvir para além das queixas psíquicas. O problema da violência contra as mulheres não é individual, é social, é político. O evento e a publicação vêm justamente reforçar esse compromisso ético da Psicologia com a defesa dos direitos das mulheres.”
A psicóloga e assessora técnica do CREPOP-MT, Jackeline Jardim Mendonça, ressaltou os desafios enfrentados pelas mulheres dentro da própria profissão:
“Se fôssemos maioria em uma profissão dominada por homens, talvez já tivéssemos avançado mais politicamente. Essa RT é também para pensar nas trabalhadoras que atendem outras mulheres. A Psicologia precisa reconhecer o que é violência psicológica, inclusive dentro das lógicas cis-heteronormativas.”
A psicóloga e secretária do 5° plenário, Juliana Costa Serra, reforçou a importância de práticas psicológicas que reconheçam as múltiplas opressões enfrentadas por mulheres com deficiência — muitas ainda sem acesso à educação, ao trabalho e à autonomia sobre seus próprios corpos:
“Ainda hoje, mulheres com deficiência são tuteladas pelo Estado, impedidas de estudar, trabalhar e exercer seus direitos reprodutivos. Isso também é violência. É dever da Psicologia enfrentar as violências que cruzam o racismo, o capacitismo e o machismo.”
Vivências que ecoam e denunciam
A psicóloga e integrante do Kilombo Cassangue, Vitória Aline, trouxe um relato comovente:
“Nossa escuta deve acolher também a fraqueza. Ser mulher não é ser forte o tempo todo.
A convidada Cláudia Liz, mulher preta e trans, ativista e analista de sistemas, fez uma fala incisiva sobre o direito de existir com dignidade:
“Ser mulher não é fantasia de carnaval. É luta diária por reconhecimento e sobrevivência. A Psicologia precisa olhar para nós com humanidade e não como seres estranhos. Só queremos viver.”
Debates técnicos com perspectiva crítica e intersetorial
A psicóloga Carine Muller reforçou a necessidade de compreender os atravessamentos sociais da vulnerabilidade:
“Estar em situação de rua vulnerabiliza ainda mais. O corpo da mulher que está na rua é lido como o corpo da ‘não mulher direita’. Isso tudo é fruto de um contexto econômico e social que nos quer como margem.”
A psicóloga Gislayne Figueiredo destacou a intencionalidade da precarização das políticas públicas:
“As políticas são pensadas para não funcionar. São feitas por uma elite que não vê importância em proteger mulheres. A violência é a ponta do iceberg de um sistema de opressão estrutural.”
A psicóloga Ana Carolina Silva Oliveira trouxe sua experiência com redes de proteção:
“No eixo 3 da RT há exemplos claros de fluxos intersetoriais. Nossa atuação nos dispositivos públicos é de embate. E diante da lesbofobia, do desprezo institucional, precisamos construir uma prática crítica, sensível e politicamente situada.”
O psicólogo Amaílson Sandro, coordenador do CREPOP-MT, finalizou os agradecimentos enfatizando o impacto coletivo da obra:
“Esse lançamento é um marco. É sobre reafirmar nosso compromisso com um mundo mais justo, digno e livre de violência para todas as mulheres.”
Acesse a publicação
A 2ª edição das Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas no Atendimento às Mulheres em Situação de Violência está disponível gratuitamente no site do CREPOP. Um instrumento fundamental para quem atua na proteção, acolhimento e garantia dos direitos das mulheres.
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Fortalecimento da Psicologia como instrumento de transformação social
O lançamento das Referências Técnicas reafirma o compromisso do CRP18-MT e do CREPOP com a qualificação da atuação profissional em políticas públicas. A publicação e o evento têm como objetivo não apenas orientar a categoria, mas também fortalecer a Psicologia como instrumento de luta contra a violência de gênero, contribuindo para a transformação social e a defesa dos direitos humanos.
Ao oferecer um espaço plural e diverso para reflexão, o evento se consolida como um marco na construção coletiva de estratégias para o enfrentamento da violência contra as mulheres, promovendo uma atuação ética e comprometida com a dignidade e segurança das mulheres atendidas nos serviços psicológicos.
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