Congresso Brasileiro de Psicologia, Maconha e Psicodélicos: Desafios, Saberes Ancestrais e Ética no Contexto Terapêutico

Congresso Brasileiro de Psicologia, Maconha e Psicodélicos: Desafios, Saberes Ancestrais e Ética no Contexto Terapêutico

CRPMT 18

   Nos dias 17, 18 e 19 de outubro de 2024, Brasília sediou o Congresso Brasileiro de Psicologia, Maconha e Psicodélicos, promovido pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O evento reuniu especialistas, psicólogas, acadêmicas e representantes de movimentos sociais para discutir o uso terapêutico de maconha e psicodélicos, abordando os aspectos éticos, técnicos e científicos que envolvem essa prática no campo psicoterapêutico. As representantes do Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso (CRP18-MT) que estiveram presentes foram a psicóloga e presidenta Keli Virgínia Ebert, a psicóloga e pesquisadora Morgana Moreira Moura, o psicólogo e professor Henrique Oliveira Lee, O estudante de Psicologia Juno Caldas Silva e o psicólogo Felipe Aureliano Martins, refletindo o compromisso do Conselho com o avanço ético da Psicologia.

   A abertura do congresso destacou a importância de integrar saberes científicos e ancestrais, propondo uma abordagem inclusiva e interseccional. Com uma programação diversificada, o evento foi estruturado em três eixos temáticos: marcos legais e políticas públicas, a dimensão ético-política dos psicodélicos, e os saberes culturais e ancestrais.

Participação e Perspectivas das Representantes do CRP18-MT

 Keli Virginia Ebert, ressaltou a necessidade de regulamentação cuidadosa e responsável: “É imprescindível que o uso de substâncias como a maconha e psicodélicos seja tratado com rigor ético, considerando tanto o impacto social quanto a importância de garantir práticas psicoterapêuticas seguras e inclusivas. Devemos reconhecer e valorizar os saberes ancestrais, construindo pontes entre esses conhecimentos e a ciência psicológica.” Ela ainda destacou a importância de constituir um grupo de trabalho que dê continuidade ao tema no CRP18-MT, assegurando que a categoria seja orientada com base em princípios éticos e nas experiências partilhadas durante o congresso.

 Morgana Moreira Moura, que é pesquisadora sobre políticas de drogas e práticas de redução de danos, compartilhou a relevância do congresso para fomentar práticas desestigmatizantes. “Ao participar do congresso, reforçamos nosso compromisso em promover uma escuta atenta e sem julgamento, essencial para a redução de danos e para o acolhimento das usuárias dessas substâncias. É um passo importante para consolidar práticas que valorizem a autonomia e o contexto social da usuária, além de fomentar discussões antirracistas e de justiça social,” afirmou Morgana. Ela destacou também que o conhecimento compartilhado será essencial para o CRP18-MT atuar na regulamentação e formação de profissionais na redução de danos, buscando uma visão integrativa de cuidado.

 Juno Caldas Silva, cofundador do Coletivo Boa Viagem de Redução de Danos, enfatizou a importância da representatividade e da troca de saberes no evento: “A participação no congresso nos proporcionou um espaço para dialogar com outros coletivos e profissionais, trocando estratégias e conhecimentos que serão fundamentais para difundir as práticas discutidas aqui, especialmente na perspectiva da redução de danos e na desconstrução dos estigmas que envolvem o uso de substâncias.” Silva destacou ainda o papel do CRP18-MT em apoiar a regulamentação de práticas de redução de danos, assegurando que elas sejam fundamentadas na ética e no compromisso social.

 Henrique de Oliveira Lee, enfatizou a importância de uma abordagem interdisciplinar: “A integração de conhecimentos científicos com saberes tradicionais é fundamental para o desenvolvimento de práticas terapêuticas mais eficazes e culturalmente sensíveis. Precisamos avançar em pesquisas que considerem as especificidades socioculturais de nossa população, promovendo uma Psicologia que dialogue com a diversidade de experiências e conhecimentos.”

Desafios e Caminhos Éticos

O evento ressaltou os desafios regulatórios e a necessidade de uma formação sólida e inclusiva para as profissionais que atuarão nessa área, visando evitar práticas mercantilistas ou excludentes. As palestrantes alertaram também para o impacto negativo do racismo e das desigualdades estruturais que ainda marcam as políticas de drogas no Brasil, apontando para a importância de incorporar uma abordagem antiproibicionistas e antirracista.

 Ao fim do congresso, a delegação do CRP18-MT reforçou a necessidade da criação de um grupo de trabalho que dê continuidade às discussões dentro do Conselho. Esse grupo será responsável por elaborar orientações e promover ações educativas, como lives e encontros temáticos, para a categoria e a sociedade, alinhando-se à missão do CRP de Mato Grosso de promover práticas psicológicas éticas, seguras e inclusivas no estado.

Assista a gravação das lives transmitidas pelo Conselho Federal de Psicologia no canal oficial do CFP no Youtube.