Conferência aborda realidade dos Centros de Atenção Psicossocial de Brasília

 

Os participantes do I Encontro Integrado de Psicologia conheceram, ontem (25) à noite, um pouco mais sobre a realidade dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS’s) de Brasília (DF). O assunto foi abordado pelo professor doutor em Psicobiologia, José Eduardo Pandossio, que desenvolve o projeto de pesquisa “Farmacoeducação em saúde mental” e atualmente integra o corpo docente da Universidade de Brasília (UnB). O evento é realizado pelo Conselho Regional de Psicologia da 18ª Região de Mato Grosso (CRP/18 MT) e pelas universidades da Capital.
O conferencista frisou a importância de desconstruir a ideia de que o tratamento aos pacientes com algum transtorno mental deve ser essencialmente medicamentoso. “No CAPS-AD (Álcool e Drogas) na cidade satélite de Ceilândia, por exemplo, este pensamento é cortado desde o início, deixando claro que o medicamento é importante, mas não suficiente”, explicou. Segundo ele, a proposta do projeto de pesquisa é justamente focalizar o tratamento nos ganhos, de uma forma mais global, envolvendo, além do paciente, os familiares e os funcionários do Centro.
Ele ressaltou ainda que a estrutura do CAPS-AD é precária. “Há apenas três salas, sendo que uma é de funcionários, e funciona nos fundos de um hospital”, acrescentou Eduardo Pandossio. Por ser destinado a acolher e cuidar de pessoas com dificuldades decorrentes do uso prejudicial de álcool e/ou outras drogas, a maioria dos pacientes desta unidade é de homens, diferentemente do CAPS II, localizado na cidade satélite de Paranoá, cuja maioria dos pacientes é formada por mulheres.
Para a presidente do CRP/18 MT, Maria Aparecida de Amorim Fernandes, o tema está em sintonia com a postura de atuação da Psicologia. “Hoje esta ciência se ocupa de questões mais amplas relacionadas à saúde mental e o CAPS teve um papel fundamental na luta contra os manicômios, por isso é preciso discutir a oferta de atendimento qualificado aos pacientes desses centros”. Nesta linha, o vice-presidente do Conselho, Luiz Guilherme Araújo Gomes, afirmou que este alcance maior propõe, além do avanço, um desafio. “Existe um movimento constituído de tornar a Psicologia cada vez mais pública, por isso debater esses temas é essencial para a construção desse processo”.
Estrutura inadequada - A conferência contou com a mediação do professor doutor do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Reginaldo Araújo, e da professora doutora Paola Biasoli, também da UFMT. “A falta de estrutura, a exemplo do relato do Eduardo Pandossio, é comum à maioria dos CAPS’s em todo o país”, disse Reginaldo Araújo. De acordo com ele, a troca de experiência com situações de outros Estados pode contribuir para a melhora desse quadro, além de fomentar o debate.
Promovido pelo CRP/18 MT, pela UFMT, pela Universidade de Cuiabá (Unic) e pelo Centro Universitário de Várzea Grande (Univag), o I Encontro Integrado termina hoje (26), no auditório do Teatro da UFMT. Para a estudante do 4° semestre de Psicologia do Univag, Wanessa Dias, a integração entre os acadêmicos viabiliza o enriquecimento do conteúdo. “Além disso, o tema “Políticas públicas e práticas em Psicologia” está totalmente alinhado ao momento atual que propõe a quebra de estereótipos e tabus da psicologia individualizada, ampliando a visão acerca dos acontecimentos políticos e sociais”, avaliou a estudante, que também é presidente do Centro Acadêmico.
 
Fonte: Pau e Prosa Comunicação