Centro Terapêutico atende usuários de drogas com inclusão e respeito

Contribuir com a reinserção social do usuário de álcool e outras drogas a partir do respeito ao direito da escolha, com o auxilio da arte e da cultura, é o princípio básico de atuação do Centro Terapêutico de Atenção Diária (CTAD).  Fundado há três anos, o CTAD atende a adultos de ambos os sexos que estejam em uso de substâncias psicoativas e também aos seus familiares. O espaço está localizado no bairro Coophema, em Cuiabá.
Para a realização desse trabalho, a instituição mantém os compromissos éticos e legais norteados pela Lei 10.216 de 06 de abril de 2001 e a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC 101) de 30 de maio de 2001 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Centro Terapêutico de Atenção Diária atua respeitando o sigilo das pessoas, assim como a liberdade de escolha, a cidadania, dignidade, integridade física, psíquica e moral.
A psicóloga clínica e coordenadora técnica do CTAD, Zeni Luersen, fundou o Centro com um grupo de profissionais que realizam o trabalho na modalidade de atenção diária, com demanda espontânea. Ou seja, a pessoa assistida é livre para permanecer, interromper e retomar seu tratamento a qualquer momento se assim o desejar. O usuário de drogas não precisa e nem deve abandonar a vida cotidiana, mas sim aliar o dia a dia com os atendimentos.
O uso de drogas envolve questões complexas e está associado a vários fatores. Pode afetar o organismo, gerar perdas do equilíbrio emocional, da autonomia e causar danos na vida pessoal e social. Por isso, o Centro de Tratamento procura trabalhar todos estes fatores e, como cita a coordenadora técnica do CTAD, além da possibilidade da retirada da droga, trabalha-se também “o fortalecimento e a ressignificação da vida longe da substância”.
A psicóloga explica que a abstinência pode ser um dos objetivos do tratamento, mas não necessariamente o único. Isso tem a ver com a estratégia de “Redução de Danos”, que significa colocar o usuário no centro do tratamento, de uma forma humanizada e respeitando o direito de cidadania e dignidade que cabe a qualquer cidadão, seja ele usuário de drogas ou não. “Esta abordagem [da Redução de Danos] é importante para poder esclarecer à pessoa em uso de droga que o cuidado com a sua saúde é um direito de todos e não uma imposição”, afirma a psicóloga.
O CTAD com seu tratamento em sistema aberto possibilita não excluir ou isolar estas pessoas da família ou da sociedade e ainda trabalhar a responsabilização dos mesmos pelo seu desejo em se tratar e permanecer em liberdade lidando com seu próprio ambiente, que tanto pode ser ameaçador, mas também de muitas conquistas e realizações. Sendo assim "entendemos que ao se propor ser um serviço de tratamento em sistema aberto o CTAD lida com sujeitos que possivelmente podem ter crises (recaídas) e então teremos que ser continentes, nos deslocando para este atendimento caso seja necessário e nos seja dado permissão, podendo ser em qualquer lugar".
Vida social e familiar – Além da vida social e familiar de um usuário de drogas normalmente ficar bastante comprometida, no contexto sócio-cultural esta pessoa terá ainda que lidar com a ligação drogas/violência/criminalidade. Isto tudo somente reforça a questão da exclusão e o isolamento. Desta forma o CTAD em sua proposta de atuação trabalha para reduzir danos à saúde, sociais, no uso, pessoais e outros como explica a coordenadora. Ela destaca algumas etapas que normalmente se apresentam ao longo de tratamentos para usuários de drogas, que no CTAD se entrelaçam em todos os momentos.
Segundo Zeni Luersen, “dentro de um período de intervenção existe a ligação entre prevenção, acolhimento, tratamento e reinserção”.  Outra atuação realizada pela equipe profissional do CTAD é o fortalecimento de laços entre familiares e a pessoa em tratamento. No trabalho do CTAD, a família também é atendida para que possa entender o tratamento dado ao usuário e lidar com a questão da melhor forma.
O CTAD atua em dois projetos, sendo um de assistência, como forma de tratamento, e outro de educação, arte e cultura, que também trabalha na direção da estratégia de redução de danos, por trabalhar com a inserção do usuário. O Centro dispõe de um espaço de convivência que oferece atividades de arte e cultura e permite a interação social justamente porque além de ser oferecido para as pessoas em tratamento, é aberto também à comunidade. Com o método, o CTAD também desmistifica ideias preconceituosas, inclusive a cultura de que as pessoas em uso de drogas devem ser isoladas para tratamento.
Equipe - A equipe do CTAD é multidisciplinar e inclui profissionais das áreas de psicologia, fisioterapia/acupuntura, enfermagem, psiquiatra, clínica geral, cardiologia, judiciária, administração e jornalismo.
 
 

Fonte: Pau e Prosa Comunicação