Carta de Bauru que representa marco na luta antimanicomial completa 30 anos

Carta de Bauru que representa marco na luta antimanicomial completa 30 anos

Dezembro de 2017 marca três décadas do documento que é um dos marcos do movimento dos profissionais que trabalham  na área da saúde em defesa dos direitos humanos e pela extinção dos manicômios, propondo uma mudança de paradigma da exclusão pela internação para o cuidado em liberdade, como alternativa de tratamento de doentes mentais.

“Lutar pelos direitos de cidadania dos doentes mentais significa incorporar-se à luta de todos os trabalhadores por seus direitos mínimos à saúde, justiça e melhores condições de vida”, afirma trecho da Carta de Bauru redigida durante o II Congresso Nacional de Trabalhadores em Saúde, em dezembro de 1987.

O Encontro de Bauru, 30 anos da luta antimanicomial, reuniu, nos dias 8 e 9 de  dezembro, cerca de 2 mil pessoas, entre pacientes, usuários dos serviços de saúde mental,  familiares, profissionais, estudantes, gestores e   representantes de entidades da sociedade civil.

“Foi emocionante retornar à cidade de origem da carta, que é um marco do movimento pela humanização do atendimento às pessoas com transtornos mentais, agora com a presença de em torno de  700 usuários e familiares participando ativamente do Encontro”,  conta Zeni Luersen, conselheira do Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso (CRP-18MT), que participou do evento. O momento também foi de reflexão para que os profissionais da saúde devam se manter unidos e na resistência contra o desmantelamento das políticas públicas.

No evento deste ano, foi redigida a nova Carta de Bauru que inclui a infância e a juventude. O trecho que contempla a infância e a juventude diz que “a presença protagonista de crianças e adolescentes e seus familiares nesse encontro é um marco histórico e indica a importância da continuidade e avanço das políticas públicas de saúde mental intersetoriais para crianças e adolescentes”.

Política de saúde mental – O Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso referenda e posiciona-se junto com o  Conselho Federal de Psicologia repudiando que é contrário à proposta do Ministério da Saúde de mudança na política de saúde mental.

Entre as modificações propostas pelo governo estaria a manutenção de leitos em hospitais psiquiátricos, a ampliação de recursos para comunidades terapêuticas e a limitação na oferta de serviços extra-hospitalares.  Para o Sistema Conselhos o texto do Ministério da Saúde contém pontos que desfiguram a política de saúde mental e retrocedem na conquista de direitos.