Atuação de psicólogos nas escolas precisa ter objetivos claros

Atuação de psicólogos nas escolas precisa ter objetivos claros

No final do mês de janeiro deste ano, a Prefeitura de Rondonópolis sancionou lei que autoriza o atendimento de profissionais da Psicologia dentro das escolas municipais. O projeto prevê também a atuação de assistentes sociais nas unidades públicas da cidade. Apesar de ser vista como uma importante ferramenta no diálogo com os jovens nas instituições de ensino, a medida ainda precisa de adequações para que o trabalho dos profissionais seja melhor desempenhado.

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Conselheira e presidente da Comissão de Educação do Conselho Regional de Psicologia (CRP 18 – MT), Jane Teresinha Domingues Cotrin, considera muito importante a sanção da lei. Na análise dela, a medida deveria ser adotada pelos outros municípios mato-grossenses, “já que o ensino público brasileiro tem convivido com problemas de ampla complexidade e profissionais como psicólogos e assistentes sociais podem auxiliar na busca de soluções”.

Ela, no entanto, faz um alerta quanto à necessidade de psicólogos e assistentes sociais interagirem com a equipe da escola. Assim poderão, com seus conhecimentos, contribuir significativamente para que o dia-a-dia da escola seja otimizado. “Os psicólogos que atuam no sistema educacional precisam ter claro que seu objeto de trabalho é a equipe escolar – alunos, professores, funcionários, familiares. Essa equipe precisa funcionar para que os problemas que ocorram no dia-a-dia sejam resolvidos da melhor maneira possível. Não há escolas sem problemas, o que existe são maneiras diferentes de resolver tais problemas. Isso é que fará a diferença”, frisa.

Ela lembra que, historicamente, já aconteceram muitos equívocos neste trabalho como, por exemplo, atuar unicamente avaliando as crianças que apresentam problemas. Segundo ela, já foi provado, por meio de centenas de pesquisas, que isso não resolve os problemas de aprendizagem. Ao contrário, reduz explicações importantes sobre o problema e ainda priva a equipe escolar de promover mudanças que beneficiariam a toda sua comunidade.

Descrição: Y:\2015\CRP\BANCO DE IMAGENS\Molise Magnabosco.jpgA psicóloga Molise de Bem Magnabosco, de Rondonópolis, também considera a medida importante. “Os professores têm que lidar com demandas diversas e ensinar os conteúdos curriculares da escola. Isso faz com que eles fiquem muito sozinhos nesse trabalho com os estudantes, precisam de apoio de outras profissões, de outras áreas, para ajudá-los a pensar a realidade da escola e da comunidade onde a escola está inserida”, analisa.

De acordo com a profissional, é preciso pensar a educação a partir dessa realidade para que não se crie um ideal de estudante e aqueles que não estão de acordo com esse ideal virem um problema. “Acho que é extremamente válida a inserção do psicólogo e do assistente social na escola porque eles vão ajudar nessa problematização, nessa discussão, no questionamento do preconceito, do estigma, de muitas relações escolares que são permeadas pelo enviesamento do olhar, pelo endurecimento”, opina.

Diante da informação do Executivo rondonopolitano de que a lei prevê o acompanhamento psicológico e social pelo corpo de profissionais existentes nos quadros do Município, ela demonstra certa preocupação. “Uma das dificuldades que a gente vê em relação à Psicologia nas prefeituras e até no governo estadual é que são poucos efetivos. A maior parte são profissionais contratados. O que preocupa é essa continuidade tanto em relação à divisão de horário com outros serviços, serviços às vezes diferentes, quanto com o seguimento do serviço.  O psicólogo hoje está aqui, mas vence contrato, ele sai e entra outro que vai começar tudo de novo”, lamenta.

 Fonte: Pau e Prosa Comunicação