60 anos da Psicologia – Um resgate histórico

60 anos da Psicologia – Um resgate histórico

CRPMT 18

 

Comemorar o 27 de agosto, data em que, no ano de 1962, foi sancionada a Lei 4.119, regulamentando a profissão de psicóloga(o) no Brasil, é celebrar avanços que vão muito além dos aspectos laboral e burocrático. A partir daquele momento era reconhecido o importante papel social da Psicologia e a necessidade da qualificação dos serviços prestados à sociedade.

O ambiente não era dos mais tranquilos no país. Estávamos às portas de uma Ditadura Militar que duraria mais de 20 anos, período em que a Psicologia foi amplamente utilizada tanto pelo regime ditatorial como pelos que eram contrários a ele. De um lado tentava-se fazer com que as pessoas aceitassem pacientemente a situação, e de outro o esforço foi no sentido de conscientizá-las sobre as arbitrariedades que ocorriam.

Havia, portanto, a necessidade de promover a orientação e a fiscalização do exercício da profissão com o objetivo de zelar pela fiel observância dos princípios de ética e disciplina da classe. Isso foi possível com a criação do Conselho Federal de Psicologia, em 1971, e dos Conselhos Regionais de Psicologia.

Também era aberto ali um importante espaço de discussão sobre os grandes temas da área. Poucos anos mais tarde os reflexos já podiam ser vistos, como a edição de uma revista científica, que inclusive mostrava a coragem de se opor ao Regime Militar, e a oficialização do código de ética da profissão.

Em um Mato Grosso uno os primeiros passos para a formação de psicólogas(os) já haviam sido dados em 1969, com a abertura do primeiro curso de Psicologia, na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (atual UFMS), de Corumbá. O segundo curso viria somente em 1975, nas Faculdades Católicas Unidas de Mato Grosso (atual UCDB), em Campo Grande (MS).

A inserção dos profissionais onde hoje fica Mato Grosso ocorreu também no final da década de 1960, na UFMT, por meio de disciplinas ligadas à Psicologia. E, neste caso, é importante ressaltar o nome da saudosa Eugênia Paredes, considerada a primeira psicóloga a chegar ao estado, em 1969. Formada no Rio de Janeiro e com especializações em São Paulo, ela se transferiu para Cuiabá para dar aulas na Escola Técnica Federal e no Instituto de Ciências e Letras de Cuiabá.

Os anos 1980 foram marcados pelo espírito desbravador das(os) primeiras(os) psicólogas(os), que formaram uma Associação congregando a categoria e a mantendo unida, seja em reuniões sociais ou atividades científicas realizadas em parceria com a delegacia do CRP de São Paulo. Nessa época, Maria Aparecida de Amorim Fernandes era Agente Fiscal e Marisa Raduens e Célio Heli Batista eram delegadas(o). Como não havia profissionais e nem estrutura para que cada estado tivesse a sua representação. Mato Grosso e Mato Grosso do Sul fizeram parte, até 1996, do CRPSP.

Mato Grosso só se desligaria autarquicamente de Mato Grosso do Sul, passando a contar com o próprio Conselho Regional de Psicologia, neste caso o da 18ª região, em 2010. Marisa Helena Alves fez parte da comissão pró-desmembramento e teve papel importante e significativo no sucesso desse projeto que era uma necessidade premente das(os) profissionais mato-grossenses.

No dia 27 de agosto daquele ano foi eleita a chapa “Cuidar do 18”, cuja primeira presidenta foi a psicóloga Maria Aparecida de Amorim Fernandes. Além das(os) psicólogas(os) da capital, havia também representações de Rondonópolis, Sinop, Barra do Garças, Cáceres e São José dos Quatro Marcos. Desde então o CRPMT teve mais quatro gestões, presididas, respectivamente, por Luiz Guilherme Araújo Gomes, Alcindo José Rosa, Morgana Moura e Gabriel Henrique de Figueiredo.

O CRPMT, portanto, tem sua história marcada pela necessidade de expansão da Psicologia e seu desenvolvimento como ciência e instrumento de compreensão e respeito às diversidades, bem como da defesa dos direitos humanos. E cuja atuação tem sido primordial para o enfrentamento de crises sociais como a pandemia de Covid-19.

Com mais de 440 mil profissionais registradas(os) no país, a Psicologia hoje se faz presente nas clínicas, na saúde (pública e privada), na assistência social, na justiça, na segurança pública, no trânsito e nos esportes, sempre atenta ao cuidado e à proteção integral.

Sem dúvida são avanços significativos e precisam ser celebrados, o que vem ocorrendo em todo o país, onde sessões solenes nos Legislativos estaduais e federal vêm ressaltando a importância desta ciência e profissão. E aqui em Mato Grosso não foi diferente, com um Ato Solene na Assembleia Legislativa, no dia 18 de agosto, que reuniu parlamentares, sociedade civil organizada e entidades em todo das comemorações pelos 60 anos.

Parabéns a todas(os) que abraçaram tão nobre e cada vez mais necessária profissão.

 

George Moraes de Luiz, presidente do Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso (CRP18-MT)