Na defesa da Psicologia laica, respeitosa e democrática, o 3º Congresso de Psicologia do Cerrado (Conpcer) não poderia deixar de trazer o debate sobre as práticas psicológicas e a laicidade do Estado. Foram convidados pelo Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso (CRP18-MT) para a mesa redonda o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Pedro Paulo Bicalho, e a professora da Universidade de São Paulo (USP), Carla Biancha Angelucci. 

 

Uma das discussões mais esperadas do Conpcer, a mesa levantou questionamentos sobre a importância do Estado laico na educação e também na Psicologia. Alunos de graduação e psicólogos participaram ativamente com perguntas e sugestões. 

 

Carla Biancha começou sua participação usando como exemplo o projeto de lei que prevê o ensino religioso nas escolas, explicando os problemas que poderiam ocorrer caso esse projeto entrasse em vigor. “A laicidade da educação garante no âmbito escolar a liberdade religiosa, pois assume a diversidade de credos do ser humano. É preciso que se entenda que as diferenças nos fazem mais fortes e devemos trabalhar juntos valorizando a diversidade”.

 

Já Pedro Paulo citou a resolução nº 001, de 1999, do Conselho Federal de Psicologia, para falar sobre como a religiosidade/fé não deve afetar as práticas psicológicas. O professor explicou que essa resolução defende a laicidade da Psicologia, não como forma de deixar de lado a religiosidade do ser humano, mas para enfrentar todas as formas de fundamentalismo.

 

“Quando se fala em fundamentalismo, estamos lidando com um projeto de homogeneidade, em que as diferenças são negadas. Por isso, pensar na laicidade da Psicologia é pensar em um projeto em que todos caibam, independente das duas diferenças. Uma sociedade homogênea é uma sociedade em que ninguém cabe perfeitamente, justamente por causa das diferenças, quem se adequa em um sentido, não se encaixará em todos os ‘requisitos’”, enfatiza Bicalho.

 

Fonte: Pau e Prosa Comunicação.