Coronavírus: Comunicado às psicólogas e psicólogos
Psicólogas e psicólogos de Mato Grosso,
Em virtude do avanço da pandemia do novo Coronavírus – COVID 19, o Conselho Regional de Psicologia – CRP18 manifesta-se para orientar os profissionais nos cuidados necessários para a contenção da transmissão viral e para destacar nosso compromisso com a saúde da população, haja visto que a Psicologia tem importante papel nesse momento de exposição da população mundial às situações de fragilização da saúde física e mental.
O aumento massivo de informações sobre o avanço da pandemia está causando forte impacto na população e produzindo comportamentos protetivos de modo que evitem a transmissão do Coronavírus. Entretanto, também podem prejudicar a saúde mental das populações vulnerabilizadas e em grupos de risco, posto que constantemente estas populações estão sendo nomeadas como as prováveis vítimas da pandemia, o que pode provocar ou agravar o sofrimento psíquico.
A situação é inédita e sem precedentes e exige dos profissionais da Psicologia a sua participação nos cuidados e na atenção à saúde da população por meio de orientações corretas e conforme as ofertadas pelas autoridades sanitárias, bem como pela realização de acolhimento do sofrimento psíquico decorrente do surgimento da doença. Para isso, é importante que as psicólogas e psicólogos estejam atentos aos sintomas apresentados pelas pessoas e as auxiliem com as devidas orientações e providências. Além disso, é necessário que nossos profissionais se atentem para os aspectos comportamentais e subjetivos gerados com esta situação e que podem trazer intenso sofrimento psíquico.
Reforçamos que a suspensão das atividades profissionais em alguns setores torna-se inviável, como no Sistema Único de Saúde (SUS) e no Sistema Único de Assistência Social (SUAS), assim como nos hospitais. Estas políticas são fundamentais na garantia de assistência psicológica e direitos fundamentais num momento tão especial. A psicologia tem muitas contribuições para esta situação de emergência. Recomendamos, portanto, que esses profissionais mantenham as suas atividades e intensifiquem o cuidado com as populações vulnerabilizadas e àquelas pertencentes aos grupos de risco. Contudo, não se trata de realizar ações heroicas ou sem a devida proteção ou em ambientes inseguros. É necessário certificar-se e exigir os meios protetivos para bem exercermos nossas atividades a fim de que nãos sejamos um problema a mais.
Cuidados em saúde mental que podemos prover ou colaborar como profissionais:
- Ofertar informações de prevenção disponibilizadas pelas autoridades sanitárias;
- Evitar a intoxicação com notícias não oficiais que possam produzir reações desproporcionais aos fatos;
- Combater a discriminação de pessoas infectadas ou casos suspeitos;
- Desenvolver projetos de apoio ao cuidador e profissionais de saúde;
- Incentivar meios de proteção às crianças e idosos e populações vulnerabilizadas;
- Na perspectiva da educação em saúde, incentivar meio de proteção para a população que não conseguirá deixar de trabalhar;
- Incentivar que a quarentena ou o isolamento se torne um período para desaceleração e de realização de atividades que “gostaria de fazer em casa” e/ou de autocuidados;
- Incentivar atividades que fomente o diálogo entre as pessoas.
Para os profissionais que atuam na iniciativa privada, apontamos como uma possível solução de proteção, a realização dos atendimentos não presenciais. Para isso, os profissionais deverão cadastrar-se no Sistema E-psi do Conselho Regional de Psicologia. Não há necessidade da confirmação da aprovação do cadastro para o início do atendimento, porém, os profissionais devem seguir as determinações da Resolução CFP 11/2018 que regulamenta a prestação de serviços psicológicos por meio de tecnologias da informação e da comunicação.
Para os atendimentos presenciais, recomendamos que dentro das possibilidades as atividades sejam desenvolvidas em locais ventilados e mantenham distância adequada entre as pessoas. Importante salientar a necessidade de disponibilizar as condições higiênicas e sanitárias para minimizar a possibilidade de transmissão viral.
Nesse momento, lembramos a importância do Sistema Único de Saúde para a redução dos danos, prevenção e recuperação da população diagnosticada com o coronavírus. O SUS, por meio de sua organização hierarquizada e regionalizada e através das redes de atenção à saúde, tem condições reais de controlar a transmissão e mitigar a pandemia. Por isso, reafirmamos a defesa inegociável desta política pública e a luta pelos/com os profissionais de saúde que atuam no SUS contra a precarização do financiamento e desmonte do SUS.
Defendamos o Sistema Único de Saúde!
Cuiabá, 18 de março de 2020
Gabriel Henrique Pereira de Figueiredo
Presidente do CRP 18/MT