O Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop), do Conselho Federal de Psicologia (CFP), realizou na quinta-feira (11) debate online sobre o trabalho do psicólogo no sistema prisional. O evento foi coordenado pela conselheira do CFP Adriana Eiko e contou com a presença dos convidados Pedro José Pacheco, membro da Comissão de Direitos Humanos (CDH) e do Grupo de Trabalho Sistema Prisional do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e Márcia Badaró, sócia-fundadora da Associação pela Reforma Prisional (ARP) e colaboradora do CFP.

O debate teve como objetivo levantar reflexões sobre o papel do psicólogo no sistema prisional. O evento contou com uma audiência de 1.320 pontos conectados por todo o Brasil.

Para os dois psicólogos convidados, o papel principal da categoria no sistema prisional é a possibilidade de (re)construir laços sociais, por meio da atuação qualificada, em equipe e no fortalecimento de redes. “É uma realidade atípica, as pessoas encarceradas estão submetidas à pressão e ao sofrimento psicológico” afirma Pacheco. A complexidade do trabalho com presidiários também foi assunto dos especialistas, pois a questão penal é uma expressão do acirramento das desigualdades sociais e atinge a parcela menos favorecida da população, aqueles que são criminalizados neste processo social.

Em relação à avaliação psicológica no contexto prisional, questionou-se duramente os quesitos que chegam do Poder Judiciário, dentre eles, o de predição de reincidência. “Não se pode garantir uma predição desta monta, já que a psicologia enquanto ciência não possui ferramentas para fazer esse tipo de previsão” explica Badaró.

Dentre os questionamentos levantados e respondidos durante o evento, debateu-se sobre as finalidades atendidas pelo sistema penal, refletindo sobre o fim possível das prisões, os encaminhamentos frente às violações de direitos humanos, o sofrimento do trabalhador do sistema prisional e a contribuição da psicologia neste contexto de atuação. O debate virtual pode ser conferido em breve no canal do CFP no You Tube .

 

Fonte: Psicologia Online